segunda-feira, 18 de outubro de 2010

dança, aula e democracia

hein?!!! a maioria das pessoas, penso, preferiria atrelar dança à psicologia... eu, como boa homo siociologicus não quero me escapar da minha seara. Pois bem. Hoje a prof lindinha de dança começou a falar, falar e no começo tinha a ver com dança o papo todo. Mas num dado momento passou para os conflitos que aconteciam no grupo que ensaia para a coreografia de final de ano. E aí... foi difícil pôr um breque. Algumas alunas tinham ânsia de falar e... falaram! Sentiram que podiam falar. Não é muito raro isto? A tal prof lindinha ameaçou várias vezes ao aparelho de som, quer dizer, à rotina. Mas entendeu que a ânsia de falar não tinha se esgotado. E então, mais pro final, eu falei também. Que bom. Na minha avaliação é raro que alguém deixe que se fale, pois falar tantas vezes é visto como um 'desperdício'. A democracia, toda ela assim, corre o risco de virar um puro desperdício. E é na democracia, não a representativa, mas a cotidiana, que aparecem 'as psicologias', que são lindas, mas só existem socialmente. Na minha experiência, vejo que tantas vezes este momento de desabafo democrático é visto como importante, mas só teoricamente. Raramente existem pessoas, entre eles educadores, mas também em outros lugares, que acham que esta experiência vale o preço  que se paga por ela. Para mim vale cada centavo. É revigorante e colhe-se no futuro muito imediato e também no futuro longínquo este hábito de falar, expor, sem limitação de tempo, sem a pressão da rotina. 




PS.1 Não recrimino quem talvez tenha achado um saco a coisa toda. Há momentos. Tem dias que só quero dançar e não quero resolver ou expor nenhum problema. É difícil que os ânimos de todos se encontrem sempre. Para consolo de vocês, acho que foi bom para os outros, e a vez de vocês chegará :) 


PS2. Curiosamente nesta semana veio a público a dançarina chamada Sheila Ribeiro, indignada com a incoerência (para usar uma palavra bem light!) de Mônica Serra sobre o aborto. Mônica era professora no curso de dança da UNICAMP e teria contado às alunas sobre o trauma deixado no corpo por ter feito um aborto. Uma prática tão legal... e agora joga no lixo os traumas vividos por outras milhões de mulheres, transformando-as em criminosas contra a vida e ponto. Sinal de que só minha 'democracia dançarina' não é uma panacéia, hehe. 

Nenhum comentário:

Postar um comentário

E você, o que pensa?