quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

e se as moças forem idôneas? (mais sobre Assange e crimes sexuais)

Em seu aguardado post a Lola Aronovitch preferiu acreditar nas moças, que teriam alegado que Assange se nega a interromper uma relação sem camisinha.


Como escrevi lá,  o pressuposto  é para tod@s que não sabemos mesmo o que aconteceu. Só nos restam conjecturas. Lola resolveu acreditar nas moças, o que também é um caminho possível e provável. O que não podemos admitir - feministas e progressistas - é a lógica torta, que se vale de situações sem nenhuma clareza e de grande complexidade para 

1) invalidar o feminismo ou

2) invalidar a ação do wikileaks


quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

Assange e a acusação de crime sexual

Anteontem, coincidência ou não, irrompeu entre mim e o André (apenas assim) uma longa discussão sobre o termo 'feminazi' no blog do Nassif. Durante a minha ausência umas tantas mulheres e alguns homens vieram ao meu socorro, outros tantos se posicionaram a favor do André, e portanto deste malfadado termo. O que pode ser conferido aqui 
Coincidência mesmo, meu namorado e eu ontem traduzimos um texto em inglês escrito por Assange poucas horas antes de sua prisão, com o intuito de divulgar no blog do Nassif as idéias desta figura que agora acompanhamos com muito interesse, e eu em particular, já que sou crítica aos abusos das grandes máquinas estatais, que não cansam de matar milhares em nome de interesses duvidosos. O texto pode ser lido aqui
Coincidência ou não, hoje vem à tona (pelo menos para meu conhecimento, e dos leitores do blog do NAssif), o conteúdo das acusações das duas mulheres suecas contra Assange. Gostaria de lembrar que, mesmo que Che Guevara, Zapatero, Lula ou insira aqui o nome que você acredita poderia ser considerado um ícone da esquerda, fosse de fato responsável por um crime contra a mulher, eu jamais hesitaria em condená-lo pelo que ele realmente fez. No caso que envolve Assange e as suecas, aparentemente a questão está sendo usada para incriminar o fundador do Wikileaks. E é com este pressuposto que escrevi o post abaixo, já que a plausível má-fé de Anna levou o termo feminazi aos top ten de novo. Em caso de Assange realmente ter feito algo errado, muda toda a constelação. Aí vai o post escrito hoje há pouco, lá, cujo original se encontra aqui.  

Uma coisa é uma coisa, e outra coisa é outra coisa. 
Homens e mulheres de má fé há incontáveis no mundo. Homens e mulheres que trabalham para a CIA também (mais homens, diga-se de passagem), também. 
A mim parece que, se se confirma que a Anna Ardin de fato montou esta presepada por má fé, a despeito de sua auto-declaração, não pode ser jamais considerada feminista, pois agir em egoistamente em interesse próprio não é ser feminista. Ela não representa nenhuma corrente do feminismo que defende vingança ao gênero masculino por meio de falsas acusações sexuais. Aquilo pelo que as feministas mais lutam é que os milhares de abusos reais sofridos por mulheres sejam levados a sério. Nada seria mais contra-produtivo. 
As referidas leis suecas (não se poderia transar com duas mulheres na mesma semana), se existem mesmo, definitivamente não estão ancoradas em pressupostos feministas, mas antes possivelmente em pressupostos puritanos. Entre em qualquer comunidade feminista do orkut e peça para que as mulheres delas julguem esta lei. Todas dirão em coro: absurda, risível (as lésbicas e bi ficarão tanto mais atordoadas por não poderem transar com duas moças na mesma semana). 
Nunca é demais pedir que prevaleça o bom senso. Parece haver um círculo de homens (e algumas mulheres também) que está à espreita para bradar "feminazi" ao menor deslize que uma mulher cometa em nome do feminismo. É esperto de criminosos corriqueiros correr atrás de uma bandeira popular como salvaguarda, e definitivamente não é a primeira vez que isto aconteceria. Mas isto invalidaria a luta pelo fim do apartheid? pelos direitos civis? pela independência da Índia? Não, este fenômeno não 'nazicifica' o movimento. 
Digo mais: se é fato que a moça trabalha para a CIA, e que não houve entre ela e Assange nada além de intercurso consentido, então me parece engenhoso por na boca dela que ela seria "feminista" (ou escolher alguém com este perfil para cooptar). 
Matam-se assim dois coelhos com uma cajadada. O Assange e a reputação do movimento feminista. Como se estes dois termos fossem opostos, como se não pudesse defendê-los ao mesmo tempo. É a velha tática de dividir e confundir para dominar. O feminismo pertence ao espetro progressita/ de esquerda e este espectro não faz sentido sem o feminismo (não passaria de pura hipocrisia). E a CIA quer a esquerda e o progressismo fragmentados. Quer que movimentos sociais sejam tomados por terroristas. E movimentos feministas tomados por nazistas. 
O termo 'feminazi' tem como único intuito de confundir e dividir. Jamais nos esqueçamos disto. 

quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

Os dados vazados pelo wikileaks devem ser levados a sério?

Quem irá duvidar de que são verídicos os fatos "revelados" (ver post abaixo) pelo wikileaks depois da irritação generalizada, ameaças e caras feias dos  ministros das relações exteriores de tantos países pró- EUA?

Não teria sido melhor desacreditar? Acontece que agora todos nós já temos certeza do que sempre soubemos.

Wikileaks revela tudo que já sabíamos

As extraordinárias revelações da wikileaks revelam aquilo que já se desconfia, quando se estudou história a partir de uma perspectiva de esquerda. Israel pressiona para que EUA invadam o Irã? Não diga! Estados Unidos sabe claramente que Honduras sofreu um golpe, porém não faz nada? Não diga!
Obama procura negociar com o Irã, mas sofre resistência interna? Não diga! EUA investigam a fundo a vida do Secretário Geral da ONU, em busca de pistas de posturas anti-americanas ou, em outras palavras, a ONU deve servir aos interesses dos EUA? Não!!!!!!!!!! Não pode ser!!!!!! A lei anti-terror deve ser aplicada também a movimentos sociais, tais como o MST? Juuura?!!

E assim vai. Vazamentos como o do wikileaks nos deixam menos especulativos e mais seguros. Mas igualmente certos. O nosso mundo é filho daquele mundo da Guerra Fria, das Republiquetas de Bananas,  e das guerras justificadas com a ajudinha de grandes aparatos ideológicos. Aí uma novidade: a mídia assumiu o papel que antes era do Estado.