domingo, 6 de março de 2011

agora aprendiz de vienense (e circunvizinhancas)

Ja deu para perceber pela falta de quaisquer sinais graficos caracteristicos do portugues que estou em outras paragens (e com uma certa preguica de correr atras dos ditos cujos). Pois e. Durante 4 meses ao menos serei aprendiz de vienense, ainda que a partir de uma localidade proxima, porem muito orgulhosa de suas idiossincrasias e da distancia ate a capital: Laab im Walde. E certo que estou aprendendo a ser um pouco Laaber tambem, mas vou cometer a injustica de dedicar o titulo so a Viena, mesmo abrindo o aprendizado no blog com o Faschingsumzug de Laab, quer dizer, o desfile de carnaval desta cidade dormitorio com um dos pezinhos fincados na agricultura.

Carnaval em Laab



         Impossivel nao lembrar do antropologo Gluckman e de seu "estudo de caso detalhado" ou "analise de uma situacao social na Zululandia moderna". Quanto eu nao teria sacado de Laab, se apenas eu a conhecesse melhor?  O que estava tudo representado la, que eu nao vi? A estrutura social se representa por excelencia em festividades alegoricas como o carnaval. Pena, cai de paraquedas e so vi o obvio. Um pequeno desfile, bem animado, puxado pelos tratores que labutam durante a semana. O prefeito perambulando entre os seus eleitores. As criancas da escola com uma fantasia padronizada: bolas de futebol de gesso moldadas sobre as tocas. A imagem acima eh do trator que puxava os salva-vidas californianos, que atiravam balas para os passantes e uma ou outra pessoa que olhava da janela de casa. Havia tambem um trator cheio de monges e monjas exortando a bebedeira geral.
            A bandinha, modestamente trajada (adoro pessoas que sabem se divertir com pouco dinheiro!), tocava Blasmusik, ou em bom portugues, aquilo que no Brasil se costuma ouvir na Oktoberfest.


         Incrivel como a exaltacao a bebedeira aqui esta em harmonia com uma festa totalmente familia. Criancas distribuem sonhos, sim, os bolinhos!, recheados com geleia de damasco. Boa parte delas esta fantasiada de diabinho, ou melhor, Krampusch, o ser lendario que bate nas criancas mas quando as boas ganham doces.
         Um minimo de estrutura social muito afoita em se demonstrar: na frente do cortejo oficial saiu um trator de aparencia pouco festiva, reclamando com faixas que a camara de veradores local nao tem representacao vermelha, ou seja, do partido SPÖ, o analogo ao partido da social-democracia alema, SPD. Nao sei como se desenvolveu a situacao que culminou com a ausencia do SPÖ na camara, mas os manifestantes estavam em silencio e carregavam o subtitulo "O silencio dos cordeiros". Tenso, caso se se quisesse concentrar so nisto, superfluo se acaso se direcionasse o olhar para qualquer outro carro.
          Agora tenso mesmo, pelo menos para mim, era um trator que estava dentro do cortejo oficial. Cheio de soldados, adultos por dentro, mas acompanhado de criancas, quase todos meninos, devidamente caracterizados, a frente e atras. Que maneira pouco sutil e muito efetiva de se legitimar mesmo nas minusculas localidades! Sinto saudades da epoca quando, ainda traumatizados, os alemaes e austriacos tinham muitas ressalvas a simbolos de guerra.




           Passou pela minha cabeca expressar meu descontentamento de alguma forma, mas achei prudente estar minimamente integrada antes de expor minha faceta polemista. Nada como ficar um pouco menos maluca com a idade :) .

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